segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Seminário “Perspectivas de Juventude” reflete sobre a realidade dos/as jovens

De 14 a 16 de janeiro, aconteceu, na Casa da Juventude, o Seminário “Perspectivas de Juventude”, promovido pela Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude em comemoração aos 10 anos da Pós-Graduação em Juventude no Mundo Contemporâneo.

Durante o primeiro dia, com o tema “Juventude, Gênero e Diversidade Sexual”, o debate foi mediado por Beth Fernandes, da AGLBT; Vanildes Gonçalves, da Universidade Católica de Brasília e Casa da Juventude, Estevam Arantes, da Secretaria de Educação de Goiânia e Giovane Aparecido, ex-estudante da Pós, do CEBI-SP. (As discussões feitas pela mesa podem ser conferidas clicando aqui)

Na sexta-feira, dia 15, pela manhã, foi a vez de trabalhar a temática “Juventude e a Tematização Acadêmica”, contando com a participação do Dr° Hilário Dick, do Ms. Lourival Silva e de Carlos Otto e Carlos Eduardo Cardozo (IPJ-Leste II), especialistas em juventude.

Segundo os debatedores, é preciso olhar com atenção para a temática da juventude, trabalhar com paixão e conhecer de forma concreta a realidade dos/as jovens. A mesa relatou que a juventude vem sendo estudada com maior constância no meio acadêmico nos últimos anos; contudo, muitas vezes são apresentados somente dados e estatísticas sem uma análise mais profunda.

Carlos Eduardo, do IPJ Leste II, apontou um espaço alternativo de diálogo e de construção de reflexões a respeito da temática da juventude: o JUBRA - Simpósio Internacional sobre a Juventude Brasileira. O evento acontecerá em Belo Horizonte, na PUC Minas, de 16 a 18 de junho de 2010 e está com inscrições abertas. Saiba mais: http://www.pucminas.br/jubra/index

Após os debates sobre a tematização acadêmica, foi a vez de trabalhar o tema “Juventude, Meio rural e Trabalho”, contando com a participação do Especialista Clivonei, da Pastoral da Juventude Rural e da Escola Família Agrícola, de Rosana (MST - Pedagogia da Terra) e Antônio (Jovem da PJR).

Segundo as discussões feitas, um dos grandes problemas da juventude rural é que a mesma não encontra lugar no campo. Os/as filhos/as de trabalhadores/as são levados a sair de casa para buscar oportunidades de trabalho ou para estudar. Tudo influencia os/as jovens a saírem do campo: pouco entretenimento, falta de espaços de lazer, falta de escola, de trabalho etc. Assim, aumenta cada vez o número de jovens que saem do campo para as cidades. E a propaganda nos meios de comunicação e na sociedade é que a vida no campo é atrasada.

Outro problema é que na escola rural as crianças crescem tendo o mundo urbano como referência porque não existem metodologias nem professores/as que abordam a realidade do campo. Esta é uma realidade que deve ser mudada, com ações governamentais e políticas públicas específicas para as famílias do campo.

Juventude e negritude


Como continuidade das atividades do Seminário, na sexta-feira, no período vespertino, a primeira mesa, com o tema “Juventude e negritude: racismos e anti-racismos”, contou com a colaboração da Profª. Drª Janira Sodré e das Especialistas em Juventude Silvia Maria (IFJC) e Elis Medrado (CMJ - Montes Claros).

Segundo apontamentos feitos pelas debatedoras, a valorização do branco como estereótipo de referência e, em consequência, o ideal de branqueamento, impuseram-se como norteadores no Brasil por muitos anos. O resgate do debate sobre a questão racial veio à tona, sobretudo com a interlocução do Movimento Negro.

Elas ainda afirmaram que a situação da população negra no país é bastante vulnerável. Inexistem mecanismos sociais, institucionais e legais que alterem a situação de desigualdade e possibilitem a inclusão da população negra nos segmentos mais dinâmicos e de maior renda no mercado de trabalho. Tal quadro vem reforçar a necessidade de implementação de políticas públicas dirigidas especificadamente para os/as negros.

Juventude, segurança e violência


O último debate realizado no Seminário teve a temática “Juventude e Segurança”, com a participação da Ms. Ana Maria Trindade (CAJU), Mestranda Gardene Leão (CAJU) e de Felipe da Silva, Coordenador da Campanha Nacional Contra o Extermínio de Jovens.

Conforme apontamentos dos debatedores, a violência aparece como uma das maiores preocupações entre os jovens brasileiros. Metade da população jovem declara presenciar a violência, sendo que cerca de 11% diz que esse tipo de violência é comum.

O contínuo incremento da violência cotidiana configura-se como aspecto representativo e problemático da atual organização social, especialmente nos grandes centros urbanos, manifestando-se nas diversas esferas da vida social. A violência tem consumido o espaço para a felicidade e a vida concreta da juventude.

Diante disso, as Pastorais da Juventude - PJ, PJMP, PJE, PJR - lançaram nacionalmente a Campanha contra a Violência e o Extermínio de Jovens com o objetivo de denunciar essa realidade e propor formas de superação da violência por meio da formação política, trabalho de base, ações de massa e monitoramento das violações de direitos humanos na mídia. Mais informações: http://juventudeemmarcha.org/

Perspectivas para a Especialização em Juventude


No último dia do Seminário, os/as participantes apontaram as perspectivas para o projeto da Especialização em Juventude, realizado Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude e coordenado pela Casa da Juventude Pe. Burnier.

Segundo Carlos Eduardo Cardozo, do IPJ-Leste2, com a realização do Seminário ficou clara a importância da Especialização em Juventude no cenário acadêmico, social e nos estudos sobre jovens. Ele relata:

“A pós é importante primeiro pelo seu pioneirismo: ela foi gestada bem no início do "boom" dos estudos de juventude e, segundo, pela sua ousadia e comprometimento em pensar juventude desvinculada de ações político-partidárias ou atreladas a interesses específicos. Sem falar da base teórica que os alunos recebem para subsidiarem suas respectivas dissertações e debates acadêmicos em diversos espaços. Enfim, o Seminário foi uma verdadeira celebração de juventude, onde a pauta principal foi a preocupação da vida digna de tantos jovens que esperam de nós uma resposta”.

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